Uma dúvida que é a fisioterapia se só pode ser realizada depois da retirada de pontos. Os pontos tem a função de manter a pele unida, facilitando a cicatrização.

Não existe uma contraindicação formal de se realizar fisioterapia enquanto ainda se esta com os pontos. No entanto, vale ressaltar que é importante diminuir o processo inflamatório enquanto a pele ainda não está cicatrizado.

O que significa que é preciso ser cauteloso combos exercícios e esforços durante essa fase, não só pelo stress da sutura mas também no controle do inchaço (aumento da tensão na pele ainda em cicatrização).

A trombose é a formação de coágulos ou trombos dentro dos vasos sanguíneos, impedindo o fluxo de sangue. O trombo acontece quando temos diminuição do fluxo sanguíneo e um estado de hipercoagulabilidade. Qualquer cirurgia pode aumentar o risco de desenvolver trombose por esses dois fatores:

• O corpo está cicatrizando (estado de hipercoagulabilidade) e

• Diminuição de fluxo, pois é comum ficar muito tempo parado tanto durante quanto após o procedimento.

Por isso, para evitar a trombose depois da cirurgia é recomendado alguns passos importantes:

1. Caminhar assim que possível – O movimento estimula a circulação do sangue e diminui o risco de trombos. A liberação para deambular depende da cirurgia e da orientação do médico.

2. Calçar meia elástica – O médico pode recomendar o uso de meias elásticas de compressão ainda antes da cirurgia, que devem ser usadas por um período de cerca de 10 a 20 dias, até que o paciente possa deambular.

3. Movimentar os pés e as pernas – Quando possível, é orientado que o paciente movimente os pés e as pernas. A contração muscular que ocorre no movimento ajuda na circulação.

4. Utilizar remédios anticoagulantes – Remédios que ajudam a prevenir a formação de coágulos ou trombos, podem ser indicados pelo médico, principalmente quando se trata de uma cirurgia demorada ou que exigirá um repouso longo, como nas cirurgias ortopédicas.

Uma das coisas que os pacientes mais me perguntam sobre cirurgia é sobre o inchaço. Uma das alterações mais duradouras que acontecem no pós-operatório é o inchaço. O edema pode durar até 6 meses, de forma mais intensa ou até 1 ano de forma mais discreta e variável (piorando se esforço maiores ou muito tempo de pé).

O inchaço acontece por uma somatória de fatores:

• trauma da cirurgia

• ação da gravidade – no casos dos membros inferiores

• alterações venosas e linfáticas – como varizes e insuficiência venosa

• a próprios imobilização

• aumento da demanda – estava sem pisar e teve liberação de carga.

Uma das ações mais efetivas para melhorar o inchaço é fazer a elevação do membro, mantendo os pés para cima.  Gelo, meias compressivas e drenagem também são boas opções para serem associadas.

Eu vejo no consultório e nos plantões como as pessoas reagem à ideia de cirurgia todos os dias. Tanto em cirurgias de urgência, quanto nas cirurgias eletivas, fica claro um grau de ansiedade e insegurança.

Mas como poderia ser diferente? Você está confinado o seu corpo, no máximo de vulnerabilidade possível (que é você inconsciente e indefeso durante a anestesia) para uma outra pessoa fazer algo que você não entende super bem, que você não domina os conceitos e processos.

Eu acredito que isso seja uma das maiores definições de fé e confiança entre duas pessoas – confiar a sua vida, seu corpo, a uma outra pessoa e sobre algo que você não entende. É justamente por isso que qualquer pessoa se sente insegura e ansiosa diante da ideia de uma cirurgia.

Entender o processo, diminuir os riscos e estabelecer uma relação sincera são as únicas coisas que podem ajudar. Por isso, antes de uma cirurgia:

•Converse bastante com o seu médico e entenda tudo sobre a cirurgia: por que fazer, quais os outros tratamentos possíveis com vantagens e desvantagens, sobre o procedimento, riscos e complicações.

•Faça uma boa avaliação pré-operatória: exames para avaliação geral e pré-operatórios e avaliações com devidos especialistas (por exemplo: cardiologista).

•Controle de comorbidades e tabagismo: isso ajuda a tornar o processo cirúrgico e de cicatrização mais previsível, diminuindo a chance de ter complicações.

• Prepare a sua rotina pós-operatória: não saber o que vai acontecer, ainda mais alterações nas atividades de rotina básica (posição que vai dormir, se pode pisar ou não, como tomar banho, como se locomover, etc) são fonte de estresse.

Quanto mais você for capaz de imaginar a rotina, melhor você se prepara é menos angústia você sente.

Não existe um regra válida para todo tipo de procedimento e para todos os pacientes. A verdade é que isso varia muito!

O repouso após uma cirurgia tem algumas funções:

-evitar tensão na ferida operatória;
-controlar o inchaço;
-diminuir a dor e o processo inflamatório;
-repouso das partes moles permitindo cicatrização;
-evitar carga para garantir estabilidade (em casos de fraturas).

Em cada cirurgia varia quais e de que maneira as mais diversas estruturas foram acometidas e tratadas na cirurgia. Assim, apenas o seu cirurgião pode indicar quanto tempo de repouso o indivíduo deve ficar e quais são as restrições. Outra coisa que não existe receita é para a liberação das atividades!

Existe um tempo descrito para a cicatrização das estruturas, mas é fundamental acompanhar a evolução do paciente.

Uma das coisas que mais me chama atenção quando uma pessoa tem uma indicação cirúrgica é ver o que as pessoas acham importante perguntar. A minha parte favorita é ver qual a percepção e as perguntas dessa mesma pessoa no primeiro retorno após a cirurgia.

Sabe o que é comum? Muitas vezes não se atentar a parte prática, de como você vai simplesmente existir depois de fazer um procedimento cirúrgico.

Vou explicar melhor:
-como vai dormir (posição, se tem que usar imobilização),
-como se locomover (se tem que usar muletas ou algum tipo de órtese)
– se vai conseguir cozinhar ou se vai precisar de ajuda,
-como ir ao banheiro!

A verdade é que essas coisas tão rotineiras não nos tomam tempo ou energia para fazer na nossa vida normal. Justamente por isso, são coisas que, quando sofrem alterações ou necessitam de adaptações, incomodam muito!

Uma preocupação bastante comum que eu escuto, e que eu acho essencial, é como vai ficar a cicatriz após uma cirurgia. É claro que o objetivo primário da cirurgia está relacionado a tratamento de dores e lesões, mas, a estética é fundamental. A cicatriz da sua cirurgia não é apenas a lembrança do procedimento, mas se torna parte da sua imagem, do seu corpo, de você.

Por isso, você merece todo o carinho e cuidado para ter uma cicatriz bonita! As dicas de ouro para cuidar das cicatrizes cirúrgicas são:

– Hidrate a pele: o processo de cicatrização precisa de uma pele saudável na região afetada. Hidratar a pele com creme ou loção hidratante, após a retirada dos pontos, ajuda na hidratação e até na soltura da cicatriz.

– Mantenha a pele sem tensão: para uma boa cicatrização, a pele precisa estar sem tensão nas bordas. Em caso de cirurgias nas pernas e pés, manter as pernas elevadas, diminuindo o inchaço, ajuda bastante.

– Evite tomar sol: não exponha totalmente a cicatriz ao sol até completar 6 meses. O ideal é evitar sol nos primeiros 2 meses, mantendo a cicatriz sempre coberta. Após esse período, use filtro solar sempre que for expor a área da cicatriz ao sol.

-Mantenha uma boa alimentação: as proteínas são importantes na cicatrização dos tecidos, porque servem de base para construção dos novos tecidos. Capriche também na ingestão de água!

– Siga as orientações médicas e tenha um acompanhamento regular: seguir todas as orientações médicas de repouso e dos cuidados com cada tipo de ferida. É fundamental que alguém acompanhe o processo de cicatrização e você precisa ter o contato rápido do seu médico caso tenha algum sinal de alerta.

Eu vejo que muitas vezes não sabemos exatamente o que levar para o hospital para uma internação.

Seja para uma cirurgia eletiva (aquela programada) ou até mesmo uma cirurgia de urgência, é difícil considerar todos os detalhes.
Não estamos acostumados a antecipar toda a rotina de tudo que usamos ou poderíamos usar.
Fica ainda mais complicado se tiver que incluir adaptações, o que é comum após uma cirurgia.

O que eu acho importantes para você levar na sua mala de internação:

•Chinelo: é preciso ter algo confortável para usar

•Itens de higiene pessoal: escova e pasta de dentes, escova de cabelo, desodorante, etc. (Obs: muitos hospitais fornecem itens de banho – sabonete, shampoo, condicionador)

• Pijama: muitas vezes é desagradável ficar com o avental do hospital. Prefira um pijama confortável, mais formal, para se sentir menos exposto.

• Roupa e calçado confortável para a alta: já leve em consideração as restrições de movimento após a cirurgia. Recomendo levar um troca extra com roupas macias, mais largas e bem confortáveis.

• Algo para se distrair: além da ansiedade, tem uma redução drástica das atividades de uma pessoa em comparação com a sua rotina habitual.
Recomendo levar livros, fones e/ou computador.

•Carregador de celular

• Documento de identificação e carteirinha do convênio

•Exames: leve os exames que são pertinentes ao procedimento/internação

•Dependendo da cirurgia que será realizada, seu médico pode solicitar um determinado material, como muleta, imobilizações, tipoia,uma cinta abdominal, sutiã específico, meia elástica, etc.

Você já ouviu falar que tem que ficar sem comer antes da cirurgia, certo? Mas você sabe o porque?

Durante a anestesia, é comum que o paciente seja entubado ou que possa ter náusea pelas medicações. O reflexo nessas situações é o vômito, que pode ser desviado para o pulmão e causar uma pneumonia aspirativa – e isso é bastante grave.

O jejum é importantíssimo porque é uma forma de segurança e proteção. O jejum garante que o estômago esteja vazio e que não tenha alimentos ou líquidos que possam ser aspirados.

E quanto tempo de jejum é necessário? Em geral, são 6 horas de líquidos e 8 horas para alimentos sólidos.

Algumas condições e medicações podem alterar o tempo de esvaziamento gástrico, como gestação, obesidade, hérnia de hiato e medicações para tratamento de diabetes.

IMPORTANTE!
Sempre pergunte para o seu médico o tempo de jejum adequado para a sua cirurgia, porque podem ter variações entre os procedimentos. Sempre converse com o seu médico e com o anestesista todas as medicações que você usa!

Os principais cuidados com a ferida cirúrgica envolvem curativo diário e atenção quanto aos sinais de infecção da ferida. Para lavar a ferida, você pode escolher lavar com água e sabonete ou limpar com soro e solução alcoólica.

No banho, evite que a água do restante do corpo caia sobre o corte. Deixe para lavar o corte depois, deixando água corrente e esfregando gentilmente com sabonete e enxaguando com água.

É muito importante que a ferida não fique muito úmida. Depois de lavar, seque com uma toalha limpe e deixe a ferida aberta por um tempo antes de fazer o curativo. Algumas vezes, pode ter a orientação de passar alguma pomada ou spray, mas isso não é obrigatório! Converse com o seu médico se existe realmente uma indicação.

Fique atento aos sinais de infecção como:
– Febre (maior ou igual a 38ºC)
– Vermelhidão
– Saída de secreção amarelada e espessa
– Dor que não melhora com os analgésicos prescritos
– Inchaço

Recomendações essenciais:
•Evite o contato próximo do corte com animais domésticos
• Não tome banhos de piscina, praia e cachoeiras até o corte estar bem cicatrizado
• Mantenha e ferida sempre limpa e seca, isso é importante para a cicatrização
• Capriche na dieta e na hidratação, o seu corpo precisa de matéria prima para a cicatrizar
• Em casos de dúvidas ou sinais de alerta, procure o seu médico rapidamente.

Pode comer carne de porco? E pimenta, pode comer? O estado nutricional é seguramente um dos fatores que mais influenciam nos resultados pós operatórios.

Uma nutrição adequada mantém o metabolismo protéico e a cicatrização da ferida operatória. Além disso, influencia em uma resposta imunológica eficiente, favorecendo ao paciente uma recuperação rápida e sem maiores transtornos.

Para uma nutrição equilibrada é importante estar atento a ingestão adequada de proteínas e evitar alimentos inflamatórios, como alimentos com farinha branca, lactose e com muito açúcar. Além disso, estimular uma boa hidratação e evitar bebidas alcoólicas. Evite produtos enlatados e industrializados.

Em uma orientação única e simples: opte por uma alimentação saudável, respeitando as orientações da equipe médica e as orientações do profissional nutricionista.

Quando estou tratando uma fratura e coloco gesso ou tala (aquela imobilização que só tem gesso em uma parte), eu sempre explico alguns dos cuidados que são necessários. O mesmo vale na preparação das consultas pré-operatórias, explicando para o paciente como será a nova rotina do banho com a imobilização depois da cirurgia.

O gesso é uma faixa de sulfato de cálcio hemihidratado, que, em contato com a água, amolece, se tornando uma pasta – ê nessa hora que moldamos o gesso de acordo com o objetivo do ortopedista e o corpo do paciente. A medida que o gesso seca, ocorre liberação de calor (esquenta) e o gesso endurece, passando a exercer a função de imobilização: uma estrutura rígida que restringe a movimentação.

Agora você entende o porquê o gesso não pode ser molhado depois de pronto. Quando o gesso fica úmido ou molhado, perde a rigidez e a capacidade de manter a extremidade imobilizada e na posição adequada.

Esse problema é especialmente grave no caso de fraturas, já que antes de imobilizar o osso, é realizada a redução da fratura (colocar os ossos no lugar e posição adequados). No caso de precisar trocar o gesso úmido ou molhado, tem uma chance grande de perder a redução e alinhamento da fratura.

Então, salva essas dicas de como cuidar do seu gesso:
• Na hora do banho, coloque um saco plástico ao redor do gesso e prenda as bordas com uma fita adesiva.
•Mantenha os braços e pernas elevados ou ao nível do corpo – caso deixa para baixo, a água irá escorrer.
• Em dias chuvosos ou ambientes úmidos, enrole um magipack (aquele que usamos na cozinha!)